sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nada de águas de março


E naquela banheira vendo a água cair,
 lembrei dos dias de chuva em que passamos juntos,
e os dias de chuva me lembraram os de sol,
que me lembraram os de vento, que lembraram seu perfume,
 que eu percebi que ainda sentia em mim.
E lembrei dos dias de neblina, 
que novamente me lembraram os dias chuvosos,
que me lembraram lágrimas, lágrimas às quais você me fez derramar,
 que me lembraram a dor de te lembrar.
Mas então deixei a água me inundar e não só no exterior,
 resolvi as minhas lembraças lavar, e naquele dia vi escorrer
 minhas mágoas, rancores e tristezas, tudo ralo abaixo, 
foram como águas de março que fecham o verão, 
só que ao contrário elas abriram, 
abriram espaço para novos sentimentos, 
abriram espaço em meu coração.

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